Serpentes como animais de estimação: quais os riscos?
Na semana passada celebramos o Dia da Serpente, quando lembramos da importância destes répteis no equilíbrio de ecossistemas e de sua conservação frente as alterações climáticas, desflorestamento, e claro: o tráfico e a perseguição humana.
Há algum tempo atrás um estudante de medicina veterinária foi picado por uma naja {foto acima}, gênero de serpente que não é nativa da fauna brasileira. Logo após o caso, uma víbora-verde de-voguel asiática ilegal foi entregue {foto abaixo} ao Ibama.
Incidentes com serpentes podem ter consequências graves ou fatais, e levantam alertas sobre a sua criação como animais de estimação:
O tráfico de animais silvestres e exóticos representa uma ameaça para animais e pessoas. Animais exóticos exercem um fascínio em algumas pessoas, mas além da ‘adoração’, existe o lado da responsabilidade, ou a falta dela.
Um animal silvestre nascido em cativeiro não deixa de ser um animal silvestre. Os instintos não somem por ter nascido fora do seu ambiente natural, ou desaparecem quando os animais passam a viver dentro da sua casa. Ao serem capturados ilegalmente na natureza os animais são expostos a manuseios físicos estressantes, são machucados, submetidos ao estresse e altas taxas de mortalidade. Taxas que no Brasil representam de 50% a 100% dos animais silvestres traficados.
A criação legalizada de animais silvestres é prevista em lei. Ter a posse de um animal com ORIGEM CONHECIDA desde o nascimento, garante a sanidade dele e de seus cuidadores. Recomenda-se que os tutores de animais silvestres legais procurem um médico veterinário especializado para receber as orientações ADEQUADAS de manejo e também o acompanhamento clínico periódico do animal durante todo o seu tempo de vida. Então se você ainda está se perguntando “Serpentes como animais de estimação: quais os riscos?”, lembre-se disto.
Como especialista em veterinária de animais selvagens e exóticos, faço questão de lembrar que estes répteis são lindos, importantes para a fauna, e merecem nosso cuidado e acima de tudo, nosso respeito.
M.V. Michelli Ataíde | Veterinária de Animais Exóticos e Silvestres
Formada pela Universidade de Passo Fundo-UPF, CRMV-RS 9324, a M.V. Michelli Ataíde é responsável pelo atendimento veterinário de animais exóticos e silvestres da Save. Professora de Clínica e Cirurgia de Animais Silvestres, Clínica Cirúrgica de Animais de Companhia e Ortopedia UPF, fez sua residência em Técnica Cirúrgica Veterinária, é mestre em Ciências Veterinárias pela UFRGS, e Doutora pela UFSM, em Cirurgia Animal.
Foi membro da Equipe do Núcleo de Conservação e Reabilitação de Animais Silvestres – PRESERVAS/UFRGS, assim como responsável técnica pelo Criadouro Conservacionista PRIMAVES, de Passo Fundo. Atualmente é Coordenadora do Grupo de Estudos de Animais Silvestres da UPF.
“Os animais de companhia vem mudando aos longos dos anos, e as peculiaridades, instintos e aparências devem ser compreendidas por um veterinário especialista. Com pelos, escamas, pele ou penas, a função do pet é tornar o cotidiano do tutor mais feliz e por isso ele merece atenção especializada.”
Save: Nós somos especialistas na saúde #veterinária.